Atualmente as Prefeituras enfrentam dificuldades financeiras gravíssimas, por força da quantidade de responsabilidades repassadas aos governos locais, por omissão dos demais Entes, defasagem de valores repassados pela União para o custeio dos programas por ela instituídos e executados pelos governos locais e, ainda, pelo não pagamento por parte da União de recursos destinados ao financiamento de políticas assistenciais. A Confederação Nacional dos Municípios, entidade que representa todos os municípios brasileiros, classificou a situação negativa das Prefeituras como estrutural, com impacto diretamente no cidadão. Segundo a CNM há um problema estrutural e não conjuntural que se acumula há muito tempo. A crise não é conjuntural, não é só do FPM, ela é estrutural, ela vem de uma soma de questões que fizeram com que se chegasse a esse ponto. A orientação da CNM é que os Prefeitos deem transparência à sociedade para mostrar a situação.
SAÚDE
Os gargalos que impactam na gestão da Saúde é uma preocupação constante dos municípios. Dados da CNM indicam que os municípios aplicam R$ 46 bilhões a mais em saúde do que prevê a Constituição, enquanto que o governo federal adiciona somente R$ 12 bilhões no valor que é obrigado a pagar. Em todos os Estados do país, os municípios juntos destinam à área de saúde mais do que 15% do orçamento, percentual mínimo obrigatório. Em 2022, a média nacional ficou em 22,27%. Além disso, cerca de 1,5 mil Municípios – que representam 27% das cidades do Brasil – aplicam percentuais acima de 25%. Em 8% dos Municípios (457), a aplicação de recursos em saúde supera o dobro do que é estabelecido por lei, com 30%.
Para levar saúde básica à população na ponta, os municípios pagam uma conta alta. Com recursos próprios, eles custearam 60% das despesas em atenção primária em 2022. Os recursos recebidos da União (Governo Federal) pagaram apenas 40%. Considerando o valor total pago pelos Municípios em saúde em 2022, de R$ 233 bilhões, a divisão da conta é semelhante. Dessa quantia, R$ 139 bilhões (59,6%) foram arcados com recursos próprios dos entes locais/Prefeituras.
Ou seja, 97% dos municípios/prefeituras aplicam acima do mínimo Constitucional de 15% em Saúde, o que em média seria 22%.
EDUCAÇÃO
Na Educação, a CNM aponta o percentual de crescimento dos reajustes do piso do magistério ao longo dos anos. O piso do magistério foi elevado em 53% em função dos reajustes concedidos em 2022 (33,24%) e 2023 (14,95%). O impacto dos dois reajustes é de quase R$ 50 bilhões aos municípios até o final do ano. Quando considerado o período entre 2008 e 2020, o aumento foi de 365% do piso do magistério, enquanto o do salário mínimo chegou a 183,9% e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC) chegou a 138% no mesmo período. Com isso, os municípios comprometem quase 27% do seu gasto total de pessoal com a folha do magistério. As Prefeituras não são contra o pagamento dos professores, pois eles de fato merecem, mas tem que ter o recurso repassado pelo governo federal para os municípios pagarem. Além disso, em decorrência do critério de atualização anual do valor do piso nacional do magistério, previsto na Lei 11.738/2008, o reajuste acumulado do piso supera o crescimento da própria receita do Fundeb.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Já na Assistência Social, a CNM aponta que orçamento da União (Governo Federal) para 2023 é o mesmo de 2015 para o Sistema Único de Assistência Social (Suas). As principais dificuldades estão relacionadas ao subfinanciamento e à insuficiência de recursos para a gestão pública local. O orçamento autorizado para 2023, apesar dos acréscimos em relação a 2022, representa no processo de manutenção do SUAS os mesmos valores praticados no ano de 2015.
De acordo com a CNM, são quase 10 anos de provisão de serviços e um orçamento que não consegue superar cenários políticos, deixando vulnerável a sustentabilidade da rede de serviços socioassistenciais com demandas sempre crescentes. Além dos dados nessas áreas, o líder municipalista enfatizou gargalos como a Previdência, os Restos a Pagar (Raps) e outras dívidas que a União tem com os municípios.
FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – FPM
As Prefeituras de todo Brasil estão sofrendo com a queda brusca e inesperada na arrecadação em relação aos repasses do Fundo de Participação de Municípios (FPM), com destaque para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), o acumulado de setembro de 2023 registra queda de 24,44% na comparação com o mesmo período do ano passado e que a redução nos repasses se deve principalmente à redução da arrecadação do Imposto de Renda Jurídica. A redução do repasse afeta diretamente a prestação de serviços. São inúmeras as circunstâncias que o município está sujeito a sofrer com a queda do FPM, consequentemente afetando a saúde, a educação, o repasse para a previdência.
CONFIRA AS REIVINDICAÇÕES DOS PREFEITOS AO GOVERNO FEDERAL:
Aumento de 1,5% nos repasses do FPM;
Liberação dos recursos das emendas parlamentares;
Redução do volume de lotes de restituição do Imposto de Renda caso haja queda na arrecadação.
Aprovação pelo Congresso Nacional dos Projeto de Lei Complementar 94/2023, para compensar perdas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Projeto de Lei 334/2023, que reduz para 8% a alíquota do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para municípios com população de até 142 mil habitantes;
A Confederação está realizando diversas mobilizações, entre elas a apresentação de Projeto de Lei para que a União faça a compensação pela redução das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), assinado em 2022, que faz parte do FPM e que agora causou impacto aos municípios.
NO ÂMBITO ESTADUAL, os prefeitos reivindicam um acréscimo de 1% no ICMS pago mensalmente, a liberação dos recursos de emendas parlamentares e de convênios já celebrados.
Saiba mais sobre a crise em Arceburgo aqui, acesse:
Veja aqui as demandas apresentadas pela CNM ao Tribunal de Contas da União:
https://cnm.org.br/storage/noticias/2023/Links/OF_717_23_TCU.pdf